domingo, 30 de agosto de 2009

Dia de amanha





Esperava não compor mais
A fila de palavras termina-se com “amor”
Que letra fosse gesto
Que fossem trocadas as vontades
De escrever por a de andar com você
Sua ausência não fosse motivo de inspiração
Papel e caneta jamais fossem instrumentos de minha solidão
Que frase ruim não fosse insegurança
Que o ponto final fossem apenas o começo
Que a rima não fosse minha sina

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

sem pontos nenhum


Perdi-a, pois não estava preparado para tê-la.

Se há um destino para todos, desvirtuei o meu.

Por um acaso ou acidente tanto faz nessas horas

A conheci. Horas, dias, anos antes. Quem sabe?

A merecia?

Talvez não ou sim

O destino não me proveu essa resposta

Pelos menos não com palavras

Tirou-a de mim amargamente

Destino não joga limpo

Usou de erros meus.

Agora, então num destino desvirtuado

O significado do silencio é apenas solidão



sábado, 22 de agosto de 2009

Capelli Nero


Nascida na mais bela vertente

De uma terra por mim desconhecida

Mas com incrível beleza

Por mim reconhecida


Seus olhos, jóias.

Lapidadas sobe a luz do luar

Nas mãos hábeis do vento sul


Sua pele foi colorida pelos fúlgidos raios de sol

Que dobravam as montanhas e mergulhavam no mar de árvores antigas

Até que se curvassem diante dos céus

E desaparecessem no infinito do horizonte azul


O andar, suave como uma gota de orvalho.

Que desliza em uma pétala de flor selvagem

Num solstício da primavera


Seus cabelos cacheados

Negros como um céu sem lua

Entregues aos ventos uivantes

Brilhavam como milhares de luas cheias


Sua presença imponderável junto com seu toque

Levaram-me ao mais próximo do paraíso

Que eu já estive


Por momentânea distração

Fiz-me acordar e só então pude perceber

Que estava a sonhar com você


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

100 viagens de sonho

-Estou lhe dizendo, sou como a sombra do vento para ela.

-Você não esta sendo dramático Horácio?

Horácio parou, não queria mais falar sobre. Levantou-se, descansou seu copo sobre a mesinha de carvalho, reparou no quanto era tarde, vislumbrou a vida agitada pela janela, suspirou e voltou-se para Miguel:

-Já vou indo! Diga a seu irmão que o verei semana que vem.

Miguel se sentido culpado pela sua última frase tentou produzir alguma som. Ficou só na tentativa, antes que abrisse boca Horácio já tinha saído. Miguel foi até a janela e viu seu amigo de tantas outras, dobrando a esquina com um ar de decidido. Sobre o que ele se decidiu Miguel não conseguia imaginar, por alguns segundos agradeceu por estar casado com a mulher de seus sonhos e voltou-se para seus afazeres.

Horácio saiu pela porta e tratou de andar, só andar, pra onde ia, ele não ligava, percebeu que já não ligava pra coisas que sobe outros céus lhe fizeram muito sentido, a cada rua que passava ele pensava pra onde agora? Andou até o nascer do sol, chegando à frente de sua casa estava com os pés doidos, costas ardendo, mas o pior de todas suas enfermidades era o coração desconhecido.

Sobrevivendo a noite de angustias, Horácio levantou-se cedo da noite mal dormida, vestiu seu roupão, foi até a cozinha, preparou um café forte, parou na varanda, novamente vendo a vida passar, perplexo com a idéia, com todos aqueles sorrisos felizes de um sábado de manha ensolarada, tempo ótimo para passear pensou, mas não para ele, não naquele momento, reclusão e talvez licor fosse a resposta para seus problemas, entrou abriu sua garrafa de Baileys, derramou o liquido doce em seu copo, fechou as cortinas, sentou-se em sua poltrona junto a janela, agora fechada para a vida agitada lá fora, pegou um velho romance de Emily Bronte: O Morro dos Ventos Uivantes , folheou o livro a procura de suas partes preferidas.O céu já obscurecera e a nevoa cobria as ruas e calçadas, quando a campainha tocou com um som intrépido que despertou Horácio de seu paraíso negro, ele enfim levantou-se e foi até a porta de mogno, olhou pelo olho mágico, Miguel estava parado naquela escuridão sonolenta com cara de quem tinha algo muito importante para dizer, Horácio abriu a porta com seu nada habitual olá, havia dito na noite passada que não queria conversas.

-Diga então velho amigo, o que o traz aqui?

-Trago-lhe a mais bela noticia de todas! Sua dama voltou para casa essa tarde.

-Como sabe disso homem?

-Ah, bem escutei quando estava andando na feira...

-Santo homem, santo homem, agora vá tenho muito a fazer.

-Mas como assim?

-Vá homem, a coisas a pensar, inimaginável a imaginar, não sabe o quanto a fazer.

Miguel saiu assustado com a reação do amigo e pensou que talvez sua informação poderia ter feito mais mal do que bem, mas isso só amanha dirá.

Horácio acordou cedo, abriu os olhos e reparou no sol que fazia e como estava quente, perfeito pensou consigo mesmo, será uma tarde maravilhosa então, calçou os chinelos foi tomar o desjejum.Saiu de casa à tarde, o sol já havia começado seu espetáculo, andou rápido pelas ruas vazias, parou na frente da casa de Cecília e a gritou:

-Cecília!

Manteve-se quieto por um tempo, não conseguia captar nem um som no horizonte, até os mais barulhentos pássaros pareciam calados, então gritou novamente, novamente, gritou até as cordas vocais saltarem, mas nem um movimento conseguiu perceber, então quando estava prestes a desistir soltou um grito a plenos pulmões:

-Cecíliaaaaaaaaaaaaa!

Esse último som que mais parecia ter sido produzido pela alma de Horácio e não pelas suas cordas vocais, despertou a vida dentro da casa, então uma janela se abriu no segundo andar, Cecília apareceu com sua face irritada e gritou de volta para o louco que berrava seu nome na rua:

-O que você quer aqui Horácio, o mal que lhe fiz já não foi o bastante?

-Não, não foi mesmo, temo que não há mal que me faça sair de onde estou- respondeu Horácio com o rosto rubro de entusiasmo.Cecília escolheu as palavras certas e retrucou ao louco:

-Se não há mal, há então a policia!

-Eu rogo que não a chame-disse o desesperado

-Deixe-me dizer às palavras que a muito lhe devia ter dito!

-Devo estar fora de mim, vamos então Horácio diga o que veio dizer e vá,duvido depois do que me fez, e do que eu o fiz que ainda sobre esperança.

-Sonhei com você mais inúmeras vezes que fui capaz de contar, a vi como um sonho todos as vezes que nos encontramos, um sonho que eu era capaz de tocar, segurar e sentir, um sonho que eu mesmo consegui destruir, meu erro resultou no seu erro.Horácio parou um momento e a olhou, tão bela, tão jovem, Cecília disse então:

-Horácio pare!Chega dessas tolices.

-Espere não terminei ainda, a coisa mais difícil que fiz na minha vida não foi perdoá-la e vir até aqui, mas perdoar a mim mesmo, sim deve ter sido coisa mais dura, pior que sofrer todas as enfermidades da sua desatenção, só pude perdoar-me com a promessa de que a veria de novo pelo menos mais uma vez, e que lhe diria como é escuro, frio o mundo depois de te perder, de como o sol tem cores mais opacas quando você não esta olhando pra ele, e como ele brilha mais intensamente, mais radiante,quando você olha pra ele, tentado competir com sua beleza em cada pôr-do-sol que passamos juntos, você não é a melhor coisa que me aconteceu, você é a única coisa que me aconteceu.

Horácio pode então ver lagrimas nos olhos de Cecília.

E foi assim que minha filha mais velha encontrou aquele a quem amou até final dos dias.

sábado, 8 de agosto de 2009

Caminho ao vinho


Tempo triste e cauteloso
Fico embaixo do teto
Fico encima de uma sobra
Vou para o campo aberto
Invento uma trilha
Perco-me numa pirâmide
Enfrento uma savana
De norte a leste
De sul a oeste
Dou mil voltas no mundo
Para não lembrar de te amar

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


Você esta tão longe agora

Envolvida nos braços azedos de outro

Que mal posso lembrar seu nome

Sem sentir gosto do arrependimento

E quando me ponho a tentar te esquecer

Sinto a pua mutilando meu peito


Ponho-te apelidos, não por afeto

Mas por compaixão com um coração

Que só fez errar desde que te conheceu

E que agora corrói no desespero

Sem gosto de tê-la, sem o desgosto de esquecê-la.