segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Criado mudo

Minha janela de madeira
 Revela-me a noite
Escura e nefasta
Nela os segredos aguardam-me
Ansiosos

Comecei a digitar mistérios
Com a luz clara sobre meu olhar
Mas soube
Que só poderia terminar
Sem luz
Onde os mistérios aparentam estar

À noite
Parecia querer convencer-me
Pois me comoveu fazendo
Que o vento esperasse
E que o tempo descansasse de passar

Até a lua se fechava
 Convencida.
Que tua luz incomodaria
Adormecidos sentimentos sem nome

Cai sob a latitude dos eventos
Sobe a pura vontade da noite
Convencido de seu sublime mistério
Sem piscar os olhos

E a noite falou
Em sussurros silenciosos
Sobre o tempo
Sobre o ar
Sobre amar

E senti-me profundamente envergonhado
Pois sempre achei que sabia amar
Mas foi a noite
Que me ensinou
Que só ama aquele que não precisa enxergar

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Queria ter dito antes




Na primeira das minhas tonteiras
Vi-me mentindo a um lago
  Seu reflexo no meu embaraço
Tudo se foi como se eu nunca tivesse imaginado

Sem nem ao menos uma explicação
Minha traição foi sentindo desespero
De jamais tê-la por inteiro

Minhas palavras perderam o som lisonjeiro
Foram se tornando as mais ásperas
Palavras do amanhã ficaram pesadas

 Protegia-me de mim mesmo
Mas a esperança virou meu desejo
E não dizer o que mora em meu peito
Havia se tornado um fardo
Maior que um imaginado

Dizer inúmeras vezes
Sobe o cruel som da solidão
Que já havia esquecido
Não era algo que poderia ser suportado
Sem firmes marcas na alma

Pararia tudo
Apenas para um sussurro
Um som leve
Que estava ali para te amar
E que nada faria para mudar

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Audácia de sentir


As luzes da cidade
Que jamais se apagavam
Piscaram quando se foi
Revelaram no céu os olhos
Uma perfeita distração
Para esconder no rosto
O lamento que crescia
Noite que não me conhece
E pelo mesmo motivo
Me protege

sábado, 22 de janeiro de 2011

Como escrever

Usando de atos enigmáticos
Em dias ensolarados
Sempre olhei para o alto
Desejei ver sonhos desacreditados
Voarem bem alto
 Por cima do muro de falta de esperança
Se livrarem de seus fardos
Para poderem finalmente
Serem realizados 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Desapego e causalidade


Esqueço de não me envergonhar
Pois a cada dia minto
E mas ainda desejo seu olhar
Sem julgamento, sem pesar

Aprendi cada passo sincronizado
A não desistir quando desacreditado
A sambar mesmo enjoado

Mesmo assim vivo a esquecer
Esqueço de parar de te ver
Esqueço de não pensar em você
Esqueço de parar de confiar em você
Esqueço de parar de gostar de você

Só não me esqueço da mentira
Da mentira que é tentar esquecer você
Pois a única verdade que lhe disse
Foi que não gostava de dançar

Tudo que eu mais gostava era de estar lá
Ao seu lado, rodopiando e virando
Suas mãos seguras nas minhas
Seu rosto virando em direção ao meu

Esquecia ritmo, esquecia a musica que escutava
Esquecia até o sonho que me despertava
Tudo que eu sabia era que aquele som não acabava
E seu olhar não me abandonava

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Para te escutar em silencio

Desconheça a solidão de seus sentimentos

Porque somos feitos da mesma alma

Mesma fraqueza

Que não responde em vão

As dores que as fases da lua trazem

Que suspiram em uníssono

Esperar que o outro entendesse

Que seu lar não esta nos blocos que o tempo pode levar

Mas no coração

Onde o tempo não é capaz de alcançar

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Para me trazer de volta

Querida Luciana,

Desejaria que não fosse assim, pois cansei e quando digo isso, não é apenas um som pra fora da minha boca, ser um dos integrante da platéia, não é vida que desejei para mim, e tentar participar da peça que você dirige desde que nos conhecemos, já não me interessa mais, as coisas mudam eu diria, mas aparentemente não, ficam estagnadas, estendidas e vazias sobre a grama como se o todo o tempo do mundo não estivesse presente e as queimaduras do sol não fossem cruéis com os que ficam parados muito tempo sobre ele.

Você por anos, foi talvez a melhor das minhas paixões, antes de conhecê-la eu tentei criar em meus pensamentos alguém que me prendesse os olhos e os pensamentos, sem se importar em perder as chaves e você entrou na minha vida, senti como se os odores da primavera junto com o calor do verão e o mistério do outono se unissem para garantir um dia perfeito ao seu lado. Infelizmente chegou o dia no qual o frio do inverno me mostrou quem você realmente era, uma mistura de antagonismos estranhos, se por um lado me sentia estagiado com sua presença do outro me sentia fortemente impelido a correr, lhe amava, mas no fundo sabia que não achara a pessoa certa.

Queria enviar uma folha em branco ou pelo menos queria que fosse simples assim, mas você requer minha atenção e negligencia todo meu afeto, já não sou platéia