sábado, 28 de maio de 2011

Sou Poeta


Poetas, são artistas e arte
Criadores e criação
São o bloco de Mármore e o escultor
As letras, suas únicas ferramentas
Suas palavras moldam a si mesmos
Sempre de fora para dentro
A procura de si mesmos
Cada estrofe uma aresta aparada
Cada linha uma experiência passada
Moldam letra por letra, suas identidades
Seus trabalhos, sua vida

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Distraia-me


Seu sorriso
Era igual ao de todas as outras com quem cruzei
Cabelos de uma mulher delicada
Mas que constantemente quebra as unhas
E se irrita como a maioria das mulheres

Mãos afáveis
Como todas as mulheres bem cuidadas têm
Orelhas simétricas, com largos brincos
Que devem estar na moda, pois vejo muitos pelas ruas
Seus olhos simples e abertos

Abertos
Um aberto intransigente, ameaçador e destinado
Uma íris capaz de ver através do sono  
Já havia visto muitos olhos,
Mas nenhum que eu pudesse lembrar
Era tão vivo e apaixonado
E fazia a realidade se ajoelhar
Num perdão imensurável, por não ser capaz de acreditar 


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Só tenho um par de sapatos, logo que só tenho um par de pés.

Procuro por meu par de sapatos
Gasto de lugares por onde passei
Desbotados de esforço das escadas que subi
 Velhos com a experiência da poeira
Mesmo com os pés calçados
Me abaixo frente os moveis procurando-os
Perco mais que um bater-de-asas nisso,
Mas no tempo que, 
Uma suave gota de orvalho
Demoraria para deslizar
Por uma folha de bananeira
Confundo-me sobre o que procuro   
Se são os sapatos ou se são as recordações de onde estiveram

sábado, 7 de maio de 2011

Medo


Certas coisas parecem simples
Ter medo é simples
Pelo menos eu nunca tive problemas
Em tê-los

O simples às vezes
E difícil de explicar
Tão difícil que escondemos
Vira um segredo
Algo que queríamos contar
Mas temos medo

Serei então o primeiro
Temo uma jaula fechada
Temo o conformismo
Quando, arrependido
Temo meus pensamentos
E  todo dia
Temo sobre todas as coisas
Opinião que tenho de mim  

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Karen Raz

Sinto-me confortável ao seu lado
Como se pudesse falar de tudo
Do que penso, sinto, quero
E seus olhos bebem cada palavra
Com um curioso e sincero interesse
Não espera sua vez de falar
Não esta impaciente
Quer entender, quer confrontar
Alegro-me sempre ao lhe falar

A vontade

Estava no ônibus hoje
Vi um pai com seu filho envolto em seus braços
Em sono profundo
O pai o protegia,
Como se os sussurros de desconhecidos pudessem feri-lo 

Ao saltar 
Deparei-me com um homem cego
Tateava a rua com curiosidade
Ele sorria, seu mundo era uma eterna fantasia
E cada passo que dava no desconhecido
Era sua mais nova aventura 

Ainda perdido na multidão indiferente 
vislumbrei o rosto de uma menina 
Em um dos milhões de carros que se perdiam nos labirintos de asfalto
Sua janela era porta para um mundo
seu olhar não era indiferente 
via as ruas maltratadas com doçura 
Mas aquele não era seu mundo
A janela estava fechada

domingo, 1 de maio de 2011

Segundo Domingo


Se tivesse um carro
Não me importaria com manchas e amassados
Só com acentos fofos e cintos fortes

Se fosse dia
Nada me importaria
O relógio seria o ultimo lugar
Para onde meus olhos iriam

Se tivesse uma filha
Desejaria que nascesse
 No mesmo dia que o pai
Só para dizer e repetir
-Você é o meu melhor presente